Empreendedor é mesmo um ser meio estranho, de hábitos esquisitos e na maior parte das vezes incompreendido.
Esse tipo de pessoa tem um prazer enorme em ler, estudar, trocar e testar ideias, compartilhando tudo isso com outros seres da sua tribo.
Ele fica eufórico com pedidos de livros que faz na Amazon e outras livrarias, e vibra com os áudios e mensagens de seus clientes.
Mas seu ritmo é meio louco.
Não sabe muito a diferença entre sexta à noite e segunda de manhã. Para muitos, o final de semana é apenas uma referência no calendário.
Às vezes dorme muito tarde e acorda cedo, outras vezes acorda tarde e vara a madrugada… e outras vezes simplesmente não dorme.
Relacionar-se com um empreendedor sem conhecer o mundo dele é bastante desafiador. Ele tem uma certa relutância em adotar uma rotina, por valorizar o seu business-life-style livre.
Mas no final das contas, descobre que a rotina é essencial, pois quem tem disciplina tem liberdade.
Esse ser empreendedor parece ter um parafuso a menos, porque enxerga e acredita em algo que ainda não existe, que é só uma ideia… mas que ele consegue enxergar funcionando, pois para ele parece real, concreto, e faz os seus olhos brilharem.
A vida profissional dele é movida a testes. Sim, sempre testando modelos para ver qual dá mais certo. E nesse jogo de tentativas, comete incontáveis erros, mas vai aprendendo com eles, se superando no caos.
Aliás, se tem uma coisa que o empreendedor precisa saber fazer com agilidade é tomar decisões para administrar tantos erros e acertos. E isso exerce uma grande pressão sobre seus ombros.
O mundo precisa de mais pessoas ousadas, inconformadas, que acreditam que podem mudar o mundo. E essa personalidade inquieta o empreendedor atende muito bem.
Mas nem tudo são flores, não é mesmo?
Esse estilo de vida do empreendedor pode ser bastante doloroso. Na verdade, na maioria das vezes, é.
O empreendedor quase sempre é julgado pelas pessoas próximas
Quando alguém decide empreender, na maioria das vezes, é visto como um louco sonhador e eventualmente como inconsequente por jogar para o alto a sua segurança em trabalho tradicional.
A nossa sociedade, em geral, tem uma cultura muito forte de se estudar um curso superior para fazer carreira com um emprego dentro de alguma empresa.
E, obviamente, não há nenhum demérito nem em quem opta pelo caminho de trabalhar como funcionário, ou de quem escolhe empreender.
Mas a maneira de pensar mais comum entre a população como um todo é de que, trabalho que tem futuro é emprego.
O emprego costuma ser visto como uma fonte de renda estável e garantida. Ou seja, enquanto você está em atividade em um emprego, sabe que no final do mês terá um salário para receber.
Além do salário, alguns empregados também recebem outros benefícios oriundos dos vínculos empregatícios, como por exemplo um plano de saúde.
E para gozar de todas essas garantias em um emprego basta cumprir funções específicas relativas a um cargo que você ocupará na operação do negócio de outrem, em uma certa quantidade diária de tempo da sua vida.
Por todos esses motivos, o emprego parece, para a maioria das pessoas, um caminho mais seguro. Se for um emprego público então, quase sonho de consumo para a maioria dos pais.
O empreendedor, por outro lado, não tem garantia alguma sobre a renda que seu negócio irá gerar. Mesmo que ele seja disciplinado e cumpra com todas as funções necessárias, isso não garante, necessariamente, o resultado que ele espera ter.
Ou seja, quem empreende está mais consciente de que a renda que virá é uma incerteza.
E isso causa pavor à maioria das pessoas. Então é muito comum que pessoas próximas de um empreendedor, como família e amigos, acabem desmotivando-o a seguir com seus projetos, na tentativa de “aconselhá-lo” a ter juízo e buscar um emprego.
Essa questão é, portanto, uma forma de pressão social que todo empreendedor precisa saber enfrentar. Não é fácil, obviamente, pois isso envolve um fator de aceitação social que todo ser humano tem dentro de si.
É necessário que o empreendedor tenha preparo psicológicas, e estratégias de autoconhecimento, para administrar essas questões para que isso não afete o seu desempenho e auto-imagem.
Empreendedores costumam se sentir solitários
Acompanhar a visão e o estilo de vida de um empreendedor pode ser uma dificuldade para quem não entende o mundo em que eles vivem.
No começo desse artigo, já passei por essa questão. É um ritmo realmente fora do comum. Empreendedores não trabalham apenas em horário comercial, trabalham quando as coisas precisam ser resolvidas.
Para ele, a forma como se ocupa o tempo, mesmo quando não está efetivamente trabalhando, é determinante para manter uma mentalidade focada na construção do seu negócio.
Então é comum que ele vá para levar as crianças na escola ouvindo um podcast sobre marketing no carro. Ou que ele vá a uma convenção ou evento de negócios no fim de semana ao invés de ir no churrasco dos amigos.
Ele fica por fora dos assuntos mais populares: não sabe muito bem a última moda das celebridades, não está muito por dentro do campeonato de futebol, não faz ideia do que está acontecendo nas novelas… Em geral, nem televisão assiste.
O empreendedor, por estar completamente ligado no que gira em torno do seu negócio prosperar, acaba se isolando um pouco de seus círculos sociais mais antigos.
Isso porque também, uma hora ou outra, todo empreendedor acaba entendendo que as pessoas com quem convive é uma grande influência na sua maneira de pensar e de sentir a vida.
Por isso, o empreendedor deve buscar participar de eventos que o conecte mais com pessoas que possuem objetivos semelhantes, ou até mesmo congruentes aos dele.
Mas a solidão que um empreendedor costuma sentir não vem apenas da falta de convívio social. Na verdade, vem muito mais de não ser compreendido pela maior parte das pessoas ao seu redor, e também se interessar pouco pelo que a maioria se interessa.
Meio caçador, meio agricultor…
O empreendedor tem um traço, digamos, “primitivo”. Ele é um ser um tanto quanto selvagem.
Sabendo que não há nada que garanta resultados financeiros para o seu negócio, ele precisa criar e executar as mais variadas ações estratégias para aumentar as possibilidades de fazer bons negócios.
Por um lado, precisa ser um “agricultor”, plantando oportunidades como sementes e cultivando-as para frutificar como trabalho lucrativo. Para isso, deve-se saber relacionar-se com outros profissionais e empresas atuantes no seu mercado que possam trazer oportunidades de parcerias no futuro.
Hoje, graças aos meios de comunicação digital, um empreendedor também pode semear clientes, gerando conteúdo de valor para uma audiência específica que, com o tempo, vai crescendo e se frutificando em clientes.
Por outro lado, muitas vezes o empreendedor precisa ser um caçador. Para conseguir bons clientes, aqueles que são mais estratégicos para o seu negócio, é preciso ter autoconfiança e proatividade suficiente de ir buscá-lo.
Sair para prospectar possíveis compradores é uma das habilidades que o empreendedor precisa dominar também.
E para fazer tudo isso, é necessário capacitação. Estudo. Auto diligência para aprender o que é necessário, por mais multidisciplinar que seja. Não é possível ficar apenas num único campo de conhecimento.
Incertezas Vs Busca por resultados
Essa é uma grande dicotomia presente na vida de todo empreendedor, e que gera muita pressão em seus ombros.
Já falamos neste texto um pouco sobre a questão da incerteza sobre a receita. E esse é um fator que, apesar de ser compreendido racionalmente, pode ser muito mais difícil de administrar emocionalmente.
A incerteza do alcance de um resultado faz com que o empreendedor fique vidrado em achar formas de concretizar isso. E muitas vezes o torna obcecado pelo seu próprio negócio.
A sensação de vulnerabilidade causa uma forte agitação mental, e é capaz de deixar uma pessoa racionalmente cega. Ou seja, pode levar ela a tomar decisões importantes e cruciais com base em emoções de medo.
É nesse ponto que os empreendedores precisam ter cuidado. Pois aqui eles podem desenvolver um quadro mental patológico…
Saúde mental abalada = baixa performance e falta de resultados
Quando a saúde mental do empreendedor está comprometida, é quase certo que os seus resultados com o seu negócio sejam muito ruins.
E o motivo é bem óbvio: você conseguiria fazer uma boa viagem em um carro em mau funcionamento? Pois então, o mesmo vale para o seu negócio se sua mente não estiver boa.
O problema é que isso é muito comum entre os empreendedores, eles só não costumam falar sobre isso.
Devido a todas essas variantes que você acompanhou neste texto até agora, os empreendedores podem ficar bastante vulneráveis.
O medo do fracasso, do julgamento das pessoas que disseram que ele era louco por estar empreendendo… A solidão e o excesso de trabalho por ter que dar conta de tudo sozinho…
Tudo isso pode abalar profundamente a saúde mental de uma pessoa.
Entenda-se aqui que, segundo a OMS, saúde mental é um estado de bem-estar onde uma pessoa tenha consciência do seu potencial pessoal e condições de lidar normalmente com os conflitos inerentes à vida, sem que haja prejuízo da sua capacidade produtiva e de contribuir para a sua comunidade.
Mas infelizmente, é muito comum na esfera do empreendedorismo as pessoas estarem prejudicadas nessa questão.
Dados interessantes em relação a isso são apresentados pela Gallup and Sharecare, uma parceria entre duas empresas que atuam em pesquisas clínicas, assistência médica e economia comportamental.
Em uma pesquisa sobre qualidade de vida e condições de trabalho, entre os participantes, 34% dos empreendedores se declaram preocupados, numa escala 4 pontos maior que outros trabalhadores; e 45% dos empreendedores declararam estar estressados em 3 pontos a mais que outros trabalhadores.
A ansiedade: quando a vontade de ter resultados não acompanha o tempo necessário
Nesse contexto de incerteza e pressões externas, o transtorno psicológico mais comum de se manifestar nos empreendedores é a ansiedade.
A ansiedade é um estado emocional que foi muito útil para o homem primitivo: manter um indivíduo em alerta para caso precisar usar seu desempenho físico e psicológico ao máximo, numa situação de stress.
Porém, a ansiedade que um empreendedor pode desenvolver é um estado constante de medo de tudo dar errado no futuro. É, basicamente, um excesso de preocupação com o que está por vir.
Quando nessa situação, um empreendedor por ter suas capacidades mentais muito prejudicadas no dia a dia.
Os sintomas fisiológicos da ansiedade são diversos e impactam muito na performance. No corpo, causa uma fadiga, inquietação intensa e sudorese. No sono, causa insônia e pesadelos. No comportamento, aumenta a irritabilidade. E no nível cognitivo, deixa o pensamento acelerado, dificulta a concentração e a capacidade de raciocinar objetivamente.
A depressão: quando a vontade de dar certo deixa de existir
Outro transtorno muito comum entre os empreendedores é a depressão.
Ela se caracteriza por um estado emocional acentuado com origem em crenças que vão sendo incorporadas ao longo das experiências de vida.
Tais crenças vão se acumulando como resultado de frustrações e assuntos mal resolvidos que conformam um modelo de pensamento de caráter negativo.
Esse estado faz com que o cérebro aumente a produção de cortisol (hormônio do estresse), e consequentemente diminua a produção de serotonina e dopamina (hormônios da alegria e prazer).
Esse desequilíbrio hormonal altera o humor do indivíduo de maneira que reforça suas crenças negativas, criando um ciclo vicioso.
Esse estado emocional causa um impacto muito profundo nas relações cotidianas da pessoa, e compromete por completo a sua capacidade produtiva em todos os aspectos.
Segundo a pesquisadora Melissa Cardon, em entrevista para o portal Diário do Comércio, uma iniciativa empreendedora fracassada pode ter um efeito tão devastador quanto a morte de um ente querido.
Às vezes o quadro depressivo pode estar tão intenso que uma pessoa só é capaz de sair desse ciclo com o auxílio de medicamentos.
Por isso é de suma importância que, ao se detectar os sintomas da depressão, procure-se um profissional capacitado para diagnosticar.
Cuidado para não tapar a ansiedade e a depressão com uma peneira
Quando se alcança esses estados psicológicos, o organismo de uma pessoa fica carente de sentir prazer e felicidade.
Para suprir essa necessidade, a maioria das pessoas inconscientemente acabam adquirindo hábitos alimentares destrutivos, consumindo alimentos gordurosos, com altos níveis de açúcar, como chocolates, frituras, e outros industrializados.
Isso porque esses alimentos possuem componentes químicos que ativam a área do cérebro que processa o prazer. Mas a sensação é muito fugaz, o que torna a necessidade contínua.
Outros apela para medidas mais drásticas e perigosas: se automedicam com antidepressivos e outros remédios que podem prejudicar ainda mais sua saúde, causando efeitos colaterais como insônia aguda, problemas no fígado, e até mesmo impotência sexual.
É extremamente importante que um indivíduo jamais se automedique, pois além de não resolver seus problemas, pode piorar ainda mais a sua situação.
Ter espaço para falar sobre sua depressão deixa você mais produtivo
Um estudo realizado pela London School of Economics revelou algo muito interessante sobre depressão e desempenho no trabalho.
Quando trabalhadores em uma empresa podem falar livremente sobre sua condição emocional e são acolhidos, tendem a ser mais produtivos.
A pesquisa contou com a participação de mais de 1.000 empreendedores e funcionários de 15 países diferentes.
Conforme mostrado pelo estudo, as pessoas tendem a faltar mais no trabalho quando estão em depressão. Mas quando seus superiores na empresa se abrem para ouvir o funcionário, este se sente mais confiante com o trabalho e apresenta melhora na produtividade.
A responsável pela pesquisa, Evans-Lacko ainda afirma que quando um indivíduo não pode falar sobre sua condição, evita mais o trabalho, sente-se mais infeliz e menos produtivo.
Apesar de estarmos caminhando para a terceira década do século XXI, o assunto da depressão ainda é negligenciado por muita gente.
Mas quando uma pessoa pode se abrir e colocar isso para fora, ela libera um espaço dentro dela que pode acolher o embrião da mudança.
Um pequena mudança de perspectiva pode desencadear um processo de cura da mente.
Sim, porque, de fato, tanto a ansiedade quanto a depressão causam distorções da percepção da realidade sobre si mesmo. E essas distorções fazem com que a pessoa se sinta vulnerável o tempo todo, sem condições de mudança.
Como psicoterapeuta, costumo trabalhar com empreendedores nessa situação.
Você se espantaria com a quantidade absurda de empreendedores e empresários que chegam até mim se queixando de ansiedade ou depressão.
Claro, e se queixando também de tudo o que esses distúrbios provocam nas mais diversas áreas da sua vida: a forma de interagir com as pessoas (família e amigos), a qualidade do sono, as dores no corpo, o excesso de medo, a performance na vida sexual e, principalmente, a sua produtividade.
O mais importante nesse momento é contar com o auxílio de outras pessoas. Se abra, peça ajuda. Só assim você poderá tratar suas mazelas psicológicas, aliviar o peso da vida e seguir em frente mais leve e mais produtivo no seu negócio.
E você pode contar com a minha ajuda como psicoterapeuta. Com mais de 16 anos de experiência em psicologia, hoje eu me dedico especificamente a atender empreendedores empresários.
Pois eu mesma sendo desse meio, conheço intimamente as difíceis questões do empreendedorismo que causam tanta angústia e muitas levam à depressão.
Não só conheço isso, como eu mesma vivi esses cenários na pele. Eu passei por todos esses sentimentos, e posso afirmar com toda certeza: conheço essas questões tanto do ponto de vista humano (de quem passou por isso) quanto do técnico (de quem estudou muito isso).
Então conte comigo. Vamos conversar sobre suas questões psicológicas que estão atrasando a sua vida profissional. Clique no link abaixo, e me mande uma mensagem que eu entrarei em contato com você.